25 de out. de 2009

Boa noite a todos.
Serei breve.
Estou montando um novo template para o blog e possivelmente irei hospedá-lo em outro local, utilizando outro tipo de linguagem para configurá-lo. A outra parte do texto está escrito, mas certamente só irei publicá-lo quando o outro blog estiver pronto, e talvez isso demore um pouco, visto que a faculdade está me matando...
Avisarei aqui logo que estiver tudo pronto!

Um abraço a todos que ainda não abandonaram a leitura desse humilde blog!

15 de out. de 2009

Uma boa tarde a todos que eventualmente passarem aqui.

Mal, mal me faz ausentar-me por tantos séculos desses espaço...

Malditos sejam Zeus, Dioniso, Cristo, Alá e demais divindades responsáveis por me prender aos livros e ao Campus, privando-me de uma de minhas maiores paixões: escrever.

Além, há uma notícia triste: os filhotes-heróis da presente crônica separaram-se, por motivos não passíveis de análise aqui e agora. Sabem-se lá as razões cósmicas envolvidas em tal decisão, mas de mim essa não partiu, afirmo. Porém, isso não há de abalar o desenvolvimento de tão belo conto...

Essa madrugada, sob a benção de Luna, reservarei-me a continuar minhas histórias ao redor do fogo... aos interessados, aproximem-se! Há cerveja para todos...

Um abraço aos leitores assíduos e também aos esporádicos, e que Luna os guie em suas jornadas...

15 de ago. de 2009

Boa noite a todos.

Gostaria de pedir desculpas devido a minha ausência aqui. Podem ter certeza que não foi proposital. ;)
Adicionei ao perfil do blog algumas informações sobre essa crônica, ainda sem nome...
Publiquei na pasta do 4shared o Wild West Companion. Aos interessados, sintam-se à vontade!

Link direto: WILD WEST COMPANION

Que Gaia esteja com vocês, caros leitores...

Parte IV - Forte Bent

O Wendigo solta um tímido sorriso em resposta ao comentário de Garth.

O Lua-Cheia, satisfeito, assume sua forma lupina, a fim de acompanhar os amigos. Dando alguns passos à frente, ele pronuncia:

- Bem, já perdemos tempo demais por aqui. Ainda temos uma perigosa missão a ser resolvida. – ele avança em passos longos e apressados – Vamos!

Zareb e Uivo-dos-Ventos o seguem, acelerando os passos para conseguirem alcançá-lo. John Doe é deixado para trás, ficando próximo da fogueira onde Garth foi posto para descansar. Apesar de suas chamas trêmulas enfraquecerem a cada segundo, John achou mais seguro apagá-la, evitando assim futuros acidentes naquele lugar tão belo.

Ao acabar de enterrar os gravetos com a branca e macia neve, o Meia-Lua põe-se a seguir os companheiros de matilha. Porém, a floresta parecia mais perigosa agora. Sua única fonte de luz fora apagada. Os pinheiros pareciam mais altos, já que agora andava sobre as quatro patas e a pálida Luna tinha seu brilho ocultado devido à altura das árvores. A brisa começara a soprar mais forte... sua proteção natural, os pêlos, eram inexistentes devido ao cruzamento proibido entre seus pais.

- É... me fazem falta esses malditos pêlos! – pensava John, quase congelando. Suas patas já não suportavam mais o frio e seus passos tornaram-se cada vez mais vagarosos.

John Doe pára de súbito. Percebe estranhos movimentos na floresta à sua volta. Consegue ouvir o farfalhar intenso dos pinheiros localizados às margens da trilha. Tenta correr o mais rápido que pôde, porém é impedido pelo frio congelante da noite. Está praticamente paralisado. É aí que algo semelhante a uma língua, coberta de baba gosmenta e repulsiva, o agarra pelas patas traseiras. Covardemente arrastado e praticamente indefeso, John bate inúmeras vezes sua cabeça nos troncos sólidos dos pinheiros durante o trajeto. No entanto, um dos encontrões fora extremamente violento, desacordando o Roedor de imediato.

Garth, Zareb e Uivo-dos-Ventos continuam seguindo reto. Após alguns minutos de corrida, a trilha antes cerrada e intimidadora parece abrir-se aos poucos, possibilitando uma visão estonteante de Luna. À frente, é revelada pouco a pouco a silhueta de um enorme forte. Sua estrutura era inteiramente de adobe, o que lhe proporcionava uma coloração levemente avermelhada. Os muros eram muitos altos e lisos. Haviam pequenas janelas devidamente ordenadas acima do imenso portão de madeira da entrada e, nas duas extremidades, existiam guaritas. A da esquerda era visivelmente maior. No meio delas, havia um cômodo extenso, porém bem mais baixo em relação às guaritas, dentro do qual era possível perceber fracas luzes, possivelmente de velas. Um pedaço de pano pintado era ostentado por um mastro no alto do forte. Era um símbolo um tanto quanto estranho. Listras vermelhas e brancas alternadas com um quadrado azul situado no canto superior esquerdo, o qual era recheado de estrelas brancas. Diziam os brancos que esse era um símbolo de Progresso. Será?

Os três lobos voltam alguns passos, mais silenciosos do que nunca. Aconchegam-se entre os pinheiros, na tentativa de perceber algo suspeito. Provavelmente, era esse o lugar indicado por Chaleira Preta. Agora, todo cuidado era muito, muito pouco.

Orelhas em pé, olhos arregalados, faro aguçado.

Nada.

Por mais dez minutos, persistiram.

E nada, novamente.

Garth sussurrou o mais suavemente possível para Uivo-dos-Ventos, com medo de despertar atenção indesejada:

- Acho melhor contornamos a construção. Discretamente, é claro. Andaremos rente ao muro, certo?

- Certo. Mas... – Uivo-dos-Ventos baixa calmamente as orelhas e seus olhos inundam-se de preocupação - ... onde está o peladinho? Ele afastou-se de nós. Foi apagar os restos da fogueira, mas já deveria ter nos alcançado! É melhor voltarmos!

Garth, com uma risada abafada, disse:

- Nah, ele já deve estar voltando. Não esquenta! O frio deve ter atrasado ele. Deve ser uma merda ser um lobo pelado, ainda mais aqui, assim, em meio à neve. Se bem que, esquentar, logo você, guerreiro gelado... é difícil.

O Wendigo mostra-se incomodado com o comentário do amigo.

- Ah, qual é. Brincadeirinha, relaxa! – disse Garth, numa tentativa envergonhada de desculpar-se.

- Esqueça. Vamos contornar logo esse forte. Não vejo a hora de encontrar aqueles malditos wasichu* corrompidos e arracar-lhes o pescoço! – animou-se o Galliard.

Uivo-dos-Ventos faz um movimento indicativo com a cabeça, indo em direção aos muros do forte, seguido por Zareb e Garth. Quando estão próximos ao muro, algo cai de súbito sobre o jovem Peregrino. Uma língua verde, murcha e repleta de feridas enrosca-se no tronco do Lua-Nova. Num desespero, ele geme alto. Garth e Uivo-dos-Ventos tentam morder a coisa repugnante. Em vão. Zareb é arrastado muro acima até a abertura da guarita esquerda, de onde partiu o ataque. O Lua-Cheia e o Lua-Crescente arranham em vão as lisas paredes, na tentativa de fazer uma escalada. Suas patas deslizam. Zareb já desapareceu na escuridão da guarita. Furiosos, os dois lobos assumem sua forma guerreira, detonando ferozmente o portão de madeira que guardava a entrada. Afinal, sejam lá o que fossem as aberrações do lado de dentro, já haviam percebido a presença dos filhotes.

* wasichu: homens brancos.

6 de ago. de 2009

Parte III - O Grande Urso

Uivo-dos-Ventos corre em direção ao companheiro caído a fim de carregá-lo para perto das ardentes e intensas chamas emanadas da fogueira, a qual encontra-se poucos metros adiante. Ajoelha-se lentamente e coloca Garth frente às labaredas, sentando-se comodamente ao seu lado. Após, assume sua forma lupina, gesto repetido por John e Zareb.

Angústia, incertezas, desconfiança. Alguns dos sentimentos que pairam acima do constrangedor silêncio entre os filhotes, agora reunidos em torno do fogo. O olhar profundamente misterioso de Zareb repousa sobre o Fianna incapacitado. Apesar de sentir-se preso ao acompanhar a atual matilha, devido sua natureza livre e inconstante, algo dentro do Peregrino pulsa fortemente: seu amor por Gaia. E é essa mesma força que o faz quebrar o silêncio com seu suave tom de voz:

- Creio... – ele faz uma pausa – que não conseguiremos seguir sem ajuda adequada. Estamos feridos. Além disso, dois de nós fomos maculados pelo veneno da Maldita Serpente e o Lua Cheia perdeu um dos olhos... Irei buscar um auxílio maior no Mundo Espiritual...

Pondo-se rapidamente sobre as quatro patas, o lobo negro fita calmamente a pequena poça d’água, originada do gradual derretimento da neve pelo calor da fogueira. Ergue uma das patas e a penetra instantaneamente na água. Essa, porém, não agita-se em respingos diversos, como de costume. Permanece inerte, abrigando amistosamente a magra pata do Lua Nova, semelhante a um portal. E, de fato, é esse seu papel: um portal espiritual para o mundo gêmeo daquele conhecido por nós, a Umbra. Faz isso com todos os membros de seu corpo, até ter desaparecido por completo.

O Wendigo, depois de presenciar a cena, ergue-se e caminha em direção à poça. Olha para o Meia-Lua e diz:

- Peladinho, cuide de Garth. Irei ajudar Zareb em sua busca.

- Peladinho? Não acredito que terei de agüentar isso...

Uivo-dos-Ventos dá uma risadinha maliciosa para o companheiro. John Doe lança um olhar de reprovação, mas aproxima-se de Garth e põe-se a guardar o corpo do amigo, enquanto o Galliard parte. Em poucos segundos, Uivo-dos-Ventos encontra Zareb.

A sensação experimentada por ambos é inexplicável. As cores e formas do mundo físico agora alternam-se em uma dança hipnotizadora. Conseguem ver os amigos deixados para trás e os Dançarinos da Espiral Negra derrubados. Seus passos agora alcançam a velocidade de um pensamento, e a afinidade com a selvagem Wild parece aumentar. Adentram ainda mais o reino espiritual e, por fim, encontram-se em um lugar repleto de névoa em constante movimento. Chegaram ao seu destino, a Umbra Rasa.

- Por favor, grandes espíritos da natureza. Há algum de vocês que possa nos ajudar...? – pronunciou Zareb.

Subitamente, um pequeno rato sobe pelas patas azeviches do Peregrino, cochichando nos ouvidos dele:

- Ei, cara. Eu posso te ajudar.... ‘tá afim? Vai aceitar?

Antes que o Lua Nova pudesse dizer qualquer coisa, o Galliard toma a palavra:

- Não queremos nada de você. Sua ajuda não serve a nosso propósito.

- Ah, é? – replicou o animalzinho – Então que se danem vocês!

O ratinho parte rapidamente. Zareb, surpreso, indaga:

- Por que você fez isso?

Uivo-dos-Ventos, calmamente, responde:

- Ora, Zareb. Ele não nos seria útil. O que um covarde rato poderia fazer por nós nesse momento? Deixe-me tentar chamar por alguém...

O Peregrino silencia-se, como de costume.

Entre o vaivém da rápida névoa, Uivo-dos-Ventos observa a silhueta de um grande urso, a alguns passos de distância. Em poucos segundos, eles estão frente a frente.

- Por que me procuras, filhote? Sabes que os Garou já causaram muita dor aos meus filhos. Então, por que ainda me procuras? – rosna o urso.

- Grande Espírito Urso. Venho dos Wendigo, povo sempre respeitoso e admirador de teus filhos. Busco por ti pois preciso de ajuda. Minha matilha está ferida. Temos a missão de salvar um caern do Irmão-do-Meio, o qual sacrificou-se por toda a América. Por isso, Grande Urso, peço tua ajuda. Tu és o único possuidor do dom da cura e da sabedoria necessária para usá-lo. Eu imploro, Grande Urso, ajude a mim e meus amigos!

O Pai dos Gurahl pára por um momento, pasmo com o apelo sincero do jovem Garou. Resolver atender o que lhe foi pedido. Afinal, apesar de toda a dor e ódio trazidos pela Guerra da Fúria, lembra o quão próximos já foram os Gurahl de seus primos Garou. Ademais, o pequeno tinha razão. Os dois irmãos da América ainda respeitam o povo-urso e isso é uma grande qualidade.

- Eu farei isso por você, jovem Wendigo. Espero que através de minha ajuda consigam atingir seu nobre objetivo.

Uivo-dos-Ventos e Zareb agradecem, voltando ao mundo físico em alguns minutos. De repente, as feridas abertas dos filhotes fecham-se como por meio de mágica, e o único olho do Fianna abre-se lentamente.

- Eu... não... sei... eu... não consigo... enxergar... – balbuciava Garth.

Emocionados, os membros da matilha baixaram suas cabeças. Porém, depois de alguns minutos, ouvem novamente a voz de Garth, acompanhada de baixos risos:

- Hehehe... serei... mais respeitado...daqui... por diante. Ó...ti... mo!

1 de ago. de 2009

Parte II – Os Dançarinos da Espiral Negra

As mais detestáveis das crias da Grande Serpente revelam-se. Assemelham-se a enormes hienas, de pelagem alva como a neve e repleta de falhas e feridas. Rosnam ferozmente para os pequenos, deixando à mostra suas presas tortas e serrilhadas, das quais vaza saliva verde tóxica e repugnante. As orelhas glabras e triangulares encontram-se em pé, atentas ao som ofegante da respiração dos Garou de Gaia. Por fim, seus olhos exalam perturbação e ostentam um brilho maligno.

Garth, aos gritos, ordena aos companheiros uma formação apropriada para o combate. Ele vira-se para o Norte, estufando o peito. Encontra-se agora frente a frente com o maior e mais deformado dos dançarinos. Seu couro é extremamente encaroçado, fétido e repulsivo, muito mais do que de seus companheiros de matilha. Uivo-dos-Ventos encara o maldito do Oeste. Ao ver a silhueta pavorosa de seu alvo, uiva o mais alto possível, invocando o auxílio da criadora incontrolável e sua força puramente selvagem: a Wild. Agora os guerreiros de Gaia sentem-se mais protegidos do que nunca. John Doe, apesar de um pouco acovardado, enfrenta a criatura à Leste. Zareb, com os braços jogados ao longo do corpo, fita profundamente aquele que vem ao Sul. O combate tem início.

Com um sorriso sádico, a maior das criaturas avança sobre Garth, dando-lhe garradas e mordidas ferozes. Garth percebe o quão difícil é acertar seu alvo – culpa da nojenta couraça que o reveste – e vê-se cada vez mais fraco. Porém, concentra toda sua força em uma das garras, acertando um golpe fulminante no rosto de seu oponente. O Dançarino, após ter seu rosto desfigurado, entra em um frenesi enlouquecido, aterrorizante, atirando-se em cima de Garth e o atacando-o irracionalmente. Foi então que aconteceu: as garras tortas e pontiagudas do maldito perfuraram o olho esquerdo do Lua Cheia. Sentindo o sangue escorrendo abundantemente pelo seu rosto, ele perece. Agora agoniza no chão, praticamente incapacitado.

Zareb detém uma atenção sobrenatural aos movimentos de seu oponente e por diversas vezes tem sucesso em esquivar-se das garras da criatura, as quais pingam uma mistura de pus com um líquido verde. No entanto, um dos ataques é certeiro, praticamente impossível de ser desviado. O maldito agora tem suas garras asquerosas cravadas no tórax do Peregrino. Zareb consegue sentir a maldição da Grande Serpente correndo suas veias. Agora, a pequena parcela da natureza corruptiva e destrutiva da Wyrm presente em cada um dos Garou cresce, manchando drasticamente sua alma. Apesar de tudo, o Lua Nova permanece em pé.

John Doe, por vezes, assiste a seus companheiros de matilha a fim de saber se houve algum sucesso. Ele vê o Lua Cheia caindo, o que o desestimula bastante. Mas a poderosa força da Wild o encoraja novamente, fazendo com que ataque seu oponente. Alguns de seus ataques são apenas raspões na pele endurecida e purulenta do dançarino. E, por sinal, tais arranhões deixam seu oponente extremamente irritado... ele sucumbe ao frenesi. Não há mais nenhum Garou de Gaia à sua frente, somente uma massa de carne pastosa, a qual merece ser cruelmente devorada. Não demora em cravar suas garras na perna direita de John, mordendo-a logo após. O Meia-Lua enfraquece. O líquido verde entra por suas feridas abertas. Uma sensação horrível. A mácula do Grande Dragão invade seu coração à força, bem como ocorreu com Zareb.

Uivo-dos-Ventos parte para cima de seu maldito. Ataca-o ferozmente, rasgando seu peito como uma lâmina. O dançarino responde, deixando o frenesi da Wyrm possuí-lo e avançando em seu braço. O Wendigo, apesar de seriamente ferido, dá um sorriso de canto e arranca sua cabeça, fazendo jorrar sangue por toda a extensão da neve e nos troncos dos pinheiros. Olha ao seu redor. Vê seu amigo Fianna caído, o que o angustia e o estimula a lutar ainda mais furiosamente. Corre e salta sobre o maldito responsável por arrancar o olho de Garth, destroçando-o. Após, ele ajoelha-se frente ao corpo do companheiro caído e sussura:

- Agüente, meu amigo. Eu buscarei ajuda quando a luta chegar ao fim.

John Doe ergue-se novamente, surpreendendo o rival. Após algumas esquivadas, o Roedor de Ossos fere-o mortalmente, fincando suas longas garras no pescoço do dançarino. Ele conseguiu. Finalmente....

Zareb, apesar de seus ferimentos, desvia os ataques continuamente. De repente, uma das garras purulentas move-se na direção do peito do Peregrino. Teria sido um ataque mortal, se o Galliard não houvesse chegado a tempo de cortar seu braço, saltando sobre o dançarino. Zareb reage rapidamente, cravando e retirando inúmeras vezes suas garras do peito do maldito. Acabou. Tudo acabou. Tudo, exceto o sofrimento de Garth, o qual gemia de dor estendido na neve, já em sua forma humana.